Dissertação de mestrado sobre resíduos de asfalto pode gerar economia de US$ 97 mi por ano
Dissertação de mestrado sobre resíduos de asfalto pode gerar economia de US$ 97 mi por ano
Por Marcelo Andriotti
Projeto de professor foi a primeira patente depositada pela PUC-Campinas
O Brasil desperdiça milhões de reais com resíduos de asfalto retirados para o recapeamento de rodovias em todo o país. Um estudo do pesquisador e professor da PUC-Campinas Adilson Ruiz, realizado como dissertação de mestrado do PosInfra (Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Infraestrutura Urbana) e desenvolvido dentro do NIT (Núcleo de Inovação Tecnológica), mostra como a reutilização do material poderia gerar uma economia de US$ 97 milhões por ano, o que seria suficiente para a construção de 23 mil casas populares de 40 metros quadrados.
A utilização das raspas do asfalto retiradas durante a fresagem, misturadas com concreto e outros materiais, seria para a construção de canaletas, muretas de proteção e outras benfeitorias naspróprias rodovias. Essa tecnologia, além dos ganhos econômicos para concessionários e poder público, pode reduzir a emissão de CO2 em cerca de 270 mil toneladas. Todos os cálculos foram com base em dados oficiais sobre a malha viária nacional.
Esse CO2 que deixa de ser lançado na atmosfera pode ser comercializado por meio da “renda verde”, em que países ou empresas poluidoras compram créditos relacionados a programas de redução de poluição. Essa renda, acrescida da redução de custos da compra de matérias-primas como pedras britadas e areia, geraria a economia calculada pelo pesquisador.
O estudo já está em processo de registro de direitos e foi a primeira patente depositada pela PUC-Campinas. Por meio do NIT, a Universidade está incentivando o desenvolvimento de pesquisas que tenham aplicações práticas nos meios de produção e que possam ser utilizadas por empresas privadas e públicas.
No caso do estudo desenvolvido por Ruiz, já há o interesse de pelo menos uma concessionária de rodovias em conhecer a técnica e avaliar sua viabilidade. Além dos ganhos ambientais e econômicos, a mistura sugerida na pesquisa ainda aumenta a resistência do material utilizado e sua capacidade de absorção de água.
“Eu trabalho há 29 anos no setor e sei que o material utilizado é caro. Por isso, pensei em como desenvolver mais uma opção para reduzir custos, diminuir desperdícios e impactos ambientais”, disse o professor.
Ele diz que a recomendação técnica e de órgãos de controle é que as pavimentações sejam renovadas a cada 10 anos no máximo, dependendo do volume e do tipo de veículos que transitam nas vias. Por isso, a produção desses resíduos é constante e em grande quantidade.
“Atualmente, parte desse resíduo é utilizado por prefeituras para tapar buracos. Mas nem sempre usam a técnica correta para aproveitar melhor o material”, diz.